sexta-feira, 6 de março de 2015

Um presente do céu

Há muito que o Homem coabita com os animais, no entanto a sua relação com eles nem sempre é pacífica ou compreensível. Eu diria mesmo que apesar da partilha conjunta do espaço de vivência, o ser humano nunca observou ou aprendeu as regras básicas da sobrevivência animal que nos inclui, dentro da classe dos racionais.

Desde cedo é notório que os rituais de acasalamento são opostos. No reino animal é o macho que seduz e chama a atenção para os seus óptimos genes, enquanto no reino humano são as fêmeas que mostram os seus dotes físicos. Quando surgem as crias, qualquer pai animal é incansável a alertar sobre os perigos e possíveis predadores, no entanto nós, oferecemos ursos de peluche aos nossos bebés para brincar.
Os ursos são animais perigosíssimos, não devemos nunca abraça-los ou enfia-los connosco na cama!

Também desde cedo as crias são ensinadas que as outras espécies são para ser respeitadas ou comidas. ao contrário das nossas crianças, em que tanto podemos lhes dar um peixe vivo dentro de um aquário como um morto para jantar. Confuso?
Chegados a adultos, todos os animais sabem que a comida é um bem precioso e não deve ser desperdiçada uma migalha. Ao invés, os humanos deitam para o chão tudo o que a fome ou a gulosice não consegue assimilar.

São toneladas o desperdício alimentar produzido diariamente e cabe mais uma vez aos animais menos respeitados, aos mais agredidos e escorraçados - ratos, baratas e outros - o reaproveitamento dos detritos. Queremos melhor exemplo que os pombos que entre os nossos pés vagueiam, limpando meticulosamente o chão que todos os dias sujamos?
E, se em troca de vez em quando cair alguma caca do céu... abençoada seja, pois muitos de nós não merecem nada de melhor.