sábado, 13 de dezembro de 2014

Ser criança não é fácil...(parte II)

Quando o seu filho ou outra criança ao lado, estiver aos gritos dentro da pastelaria:
- OH MÃE EU QUERO UM BOLO!!!!!!!!!!!UHAAAaaaaa....
Não grite com ele, compreenda o seu ponto de vista... a 80 cm do chão o mundo é muito diferente!

Entre novamente na pastelaria agachada e olhe em redor.
Ao nível dos seus olhos encontra-se a vitrina dos bolos e sumos: tudo aquilo que um bom comerciante, conhecedor das regras mais elementares do marketing sabe que deve estar à vista, de quem está a crescer consumindo enormes quantidades de energia nas brincadeiras do dia-a-dia, e ainda não tem que se preocupar com dietas ou diabetes.
-BOA! (pensa você com um sorriso) ainda bem que sou adulta...
Muito pelo contrário.
Ao nível dos olhos dos adultos encontram-se os cafés para combater o cansaço, o álcool para adormecer os problemas e os cigarros para nos matar antes que o tempo o faça.

Ser criança é difícil sim mas eu às vezes preferia.

sábado, 15 de novembro de 2014

Comportamentos Neandertal

Séc.XXI. Possuímos tvs de plasma, telemóveis inteligentes e carros que estacionam sozinhos, promovemos a venda de viagens turísticas à lua ou a companhia de um robot humanoide para nos ajudar no dia-a-dia, e ainda agimos como pré-históricos.

Num cantinho a ocidente da Península Ibérica numa rua movimentada da capital portuguesa um homem tapa com a mão uma narina, enquanto força o ar contido nos pulmões a sair pela outra, projectando violentamente todas as secreções húmidas e secas para o chão.
Outro dia outro homem puxa de dentro do seu corpo um sonoro Aaarrrrrhhhh...tchu, acompanhado por uma bolsa de muco amarela espumosa depositada sem pudor, na internacionalmente famosa calçada portuguesa.
Se os animais podem ser ensinados,
porque não aprendem os humanos?
Mais um dia mais um homem, mais um pedaço de calçada inundada por esse vasto leque de despojos humanos: desta vez uma boa mijadela!
.. e assim vai esta cidade, babilónia de etnias e costumes.

Vestimos «haute couture» e deitamos lixo para o chão.
Frequentamos locais VIP e urinamos na rua como animais.
Enchemos os bolsos de «gadgets» ultra modernos ao lado da chave electrónica do carro topo de gama, e espancamos a mulher como homens de Neandertal.
Seremos realmente «animais racionais»?

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sou prioritária!

Centro de saúde. Uma jovem mulher brasileira acaba de chegar e dirige-se ao segurança perguntando-lhe :
- Ond'é qu'eu tiro à sênha di preoritária? É qu'eu tô grávida!
O segurança olha para uma sala de espera cheia de idosos, aleijados e crianças choramingas e lhe responde com o ar mais calmo possível:
- Aqui, todos são prioritários minha senhora. Tire a senha e aguarde.
Questionei-me sobre o perigo que pode resultar para um feto, a exposição da mãe a um leque tão variado de doenças infecto-contagiosas, passíveis de ser encontradas numa sala de espera de um centro de saúde ou hospital. Esse é um pensamento para desenvolver noutra oportunidade, por agora fixo-me no exercício do direito de prioridade.

O direito a ser prioritário durante uma certa fase da vida é-me moralmente inquestionável: subscrevo e defendo. No entanto sinto-me ofendida cada vez que é usado com prepotência, de forma maliciosa e abusiva.
Quantas vezes nos deparamos com mães que transportam as compras do supermercado no carrinho de bebé arrastando-os pela mão ao lado até se cansarem, para depois se apresentarem na fila de espera da caixa, com a criança já ao colo num pranto? Quantas vezes já deixamos passar um idoso à frente que nem sequer usa bengala, só porque nos atirou à cara as dificuldades próprias da idade e que depois se detém 10 minutos na regateirice com a vizinha?

Nem sempre se percebe o motivo da urgência, ou o que motivou a sociedade a lhes conferir esses direitos honoríficos. Por vezes acho que foram motivos humanitários da melhor índole, outras vezes penso que nos queremos apenas ver livres das pessoas: se se despacharem primeiro deixam-nos em paz na nossa vidinha, e não temos que ouvir os gritos e choros das crianças dos outros!

Será...?

sábado, 4 de outubro de 2014

Antiguidades?!

Sr Presidente de Câmara (e mais recentemente - do Partido Socialista), há quanto tempo não anda a pé na «sua» cidade?
Chamo-lhe «sua» porque a tomou ao seu cuidado mas, mais parece que "A" esqueceu por força do hábito de tanto a ver. Deixe-me que lha apresente outra vez, através do olhar de outros.
Convido-o a se deslocar a pé desde a sede do seu partido à Assembleia da República pela rua de S. Bento, não é muito longe, apenas 900m (10 minutos a pé)  bastará para ver Lisboa como ela é.

Esta é a rua dos antiquários por excelência, e lá isso está: cheia de antiguidades dentro e FORA dos estabelecimentos: reparou nos vários postes do séc.IX mumificados pelo tempo, que ainda se erguem no meio da calçada? Notou como são espaçosos estes passeios, e como é fácil para idosos e cadeiras de rodas contorna-los? E as placa com listas vermelhas e brancas com que estão decorados...pensa que serão suficientes para impedir um cego de ficar lá espetado como um panfleto?
Nalguns casos já não se percebe: se os postes seguram os inúmeros fios pretos ou se são seguros por eles. Para que servem?
Uma forma inovadora de fazer chegar a fibra aos portugueses?
Repare na decadência das fachadas, no total abandono imobiliário quer seja de prédios novos, a recuperar ou devolutos e repare nos que sobrevivem, orgulhosos com as suas fachadas pintadas de fresco e desfigurados por um emaranhado absurdo de cabos pretos. É este futuro digital aceitável no enquadramento urbanístico da cidade antiga? Talvez (como eu) tenha oportunidade de se cruzar com turistas que entre selfies lhe perguntarão: para que servem aqueles cabos horríveis? O que lhes vai responder?

Por fim tome especial atenção à loja que se encontra ao fim da rua do lado direito, em frente a lateral da assembleia - O Barateiro da Casa Amarela - com a sua exposição de penicos na fachada, de abertura virada para tão nobre edifício símbolo do poder democrático.
Será uma mensagem ao país?
Um aviso ao turismo de uma das mais emblemáticas rua da cidade?
Pretenderá este antigo comerciante e habitante desta belíssima cidade querer dizer...que dali da frente...só vem merda?

sábado, 27 de setembro de 2014

Ser criança não é fácil...(parte I)

O miúdo estava de férias.
Caminhava estonteado entre as inúmeras pernas bronzeadas e despidas, de uma "calle" andaluza numa noite de fim de verão, caiu, magoou o joelho e chorou de dor - imediatamente levou um tabefe seguido de uma repreensão para não chorar. Injusto não é?
Agora doi-lhe não só o joelho como o cara do lado direito, para não falar da dor infligida ao seu orgulho enxovalhado perante todos os que assistiram ao desfecho deste episódio.
Sei o que aquela mãe pensou: vê lá se olhas para a frente... Mas sei que não valeu de nada!

Daqui a uns 15 anos ainda fará o mesmo, vai torçer o pescoço todo para trás para olhar para umas belas pernas despidas e voltar a tropeçar nele próprio. Vai lembrar-se de não chorar, mas não vai escapar novamente do tabefe de uma mulher, da esposa, de quem se tinha esquecido estar ao lado.
É assim a essência da humanidade.

domingo, 21 de setembro de 2014

Refeições gastronómicas...a preços astronómicos!

Setembro 2014
Lisboa, Altis Belém Hotel & Spa
Chefes galardoados com estrela Michelin 2014
Jantar de degustação
Preço: €200,00
(pessoa)
Lotação: ESGOTADO (ambos os dias...)

Notícia publicada na mesma semana em que se ouve os «patrões» dizerem que o salário mínimo acima de €505,00 é incomportável!
Pois é, quase metade já foi gasto numa única refeição...como fazer nos 29 dias seguintes ? Coitados, sejamos compreensíveis com tanta dificuldade!